Texto publicado pela chef Carla Maia
“Quando falamos em alergia alimentar logo pensamos reações respiratórios, gastrointestinais, dermatite atópica ou até mesmo reação anafilática. Infelizmente pouco pensamos em outro tipo de dor, invisível e silenciosa, as dores da exclusão.
De acordo com a pesquisa publicada na Revista Pediatrics, 30% das crianças com alergias alimentares já foram vítimas de bullying. Os casos de bullying contemplam relatos de colegas que provocam ou ameaçam as crianças alérgicas em relação à exposição forçada aos alimentos alergênicos. Em 52,1% dos casos, os pais desconheciam o fato de o filho sofrer bullying na escola em relação a sua condição de alérgico. De acordo com a pesquisa, o conhecimento dos pais sobre o bullying diminui o sofrimento e aumenta a qualidade de vida das crianças.

A minha própria filha, de 4 anos e meio já foi “desconvidada” por um coleguinha da mesma idade a participar de sua festa de aniversário pois era alérgica e a criança disse isso com todas as palavras à minha filha, que nos contou, e em uma posterior conversa com os pais da criança, foi confirmado o “desconvite”. A dor da exclusão das crianças alérgicas é real e está presente em nossas vidas.
Apesar do aumento da prevalência da alergia alimentar no mundo, ações discriminatórias são resultado da ausência de uma política de educação alimentar inclusiva. Não há possibilidade de reconhecimento do outro, em uma sociedade que enxerga o diferente como um perigo, uma ameaça ou um problema. É preciso pensarmos que a alergia alimentar não causa apenas sofrimento físico, mas também psicológico em nossas crianças, adolescentes e adultos. É urgente transformar a exclusão e o preconceito alimentar em ações que promovam o diálogo e empatia.”
Fonte: NCBI